Eventos UM BRASILEIRO NO DIA D!  
A jornada dia-a-dia.

Segue aqui um relato abrangente da jornada pela Normandia saindo de Paris. Assim como em tempos de guerra, nossas acomodações e maiores confortos foram poucos ao longo da aventura, com poucos banhos e nenhuma cama macia para dormir, o que nos deu uma idéia remota porém realista do que os soldados passavam realmente durante a guerra, ajudando a recriar o clima da época...

31/5: chegada em Paris. 

Nossa equipe de filmagem foi composta pelo diretor Victor Lopes, pelo fotógrafo Jaques Cheiuche e por mim. Nossa viagem à França foi compartilhada com uma comitiva da FAB, composta pelo comandante do 1º Grupo de Caça Coronel Osmar, ex-combatentes do Senta a Púa: Brig Moreira Lima, Telles e Col Goulart, pelo adido da aeronáutica Brig Osmar e pelo editor Sandro Adler, que nos acompanharam até o encontro com Pierre Closterman para assim homenagear o único brasileiro conhecido que participou do Dia D.


O tempo estava chuvoso. Mesmo assim, foi um prazer inenarrável dirigir “Gisele” pelas ruas da Cidade Luz. Em Paris, ficamos regiamente hospedados no histórico hotel George V, com todo luxo e conforto, o que muito nos preparou para a jornada de guerra adiante… Fizemos uma longa reunião de produção e nos preparamos para acordar cedo no dia seguinte, rumo ao sul da França, para entrevistar o brasileiro no Dia D: Pierre Closterman.
1/6: O encontro com o brasileiro no Dia D! 
Partimos de Paris de manhã cedo até Perpingnan, uma hora de vôo. Fomos recepcionados logo ao descer do avião pelo Closterman em pessoa, que recebeu a comitiva brasileira efusivamente. Rumamos para um hotel que ele reservou para que pudéssemos conversar e almoçar. O clima era de total informalidade. Mais tarde, fomos para a residência do Closterman, onde fizemos uma entrevista longa e muito emocionante com ele, especialmente para o nosso documentário. O Comandante Closterman é uma pessoa dotada de sensibilidade extrema e um carisma sem igual.
Suas palavras são de uma sinceridade e profundidade incríveis, baseadas em suas muitas experiências de vida, na guerra e na paz. Ao fim da tarde, chegou à casa do Closterman a comitiva da FAB, para prestar as homenagens ao participante do Dia D, nos sessenta anos de comemorações. Além da homenagem da Prefeitura de Curitiba, Closterman recebeu um título de “caçador honorário” do 1º Grupo de Caça, o famoso “Senta a Púa”, além da mais alta condecoração da Aeronáutica, a Medalha Santos Dumont. Deixamos a comitiva da FAB sob as atenções do Closterman e corremos para o aeroporto, rumando de volta à Paris no mesmo dia, pois na manhã seguinte, finalmente partíamos para a Normandia…
2/6: Rumo à Normandia!

05:30. Ao toque de alvorada, zarpamos para o norte de Paris rumo a Senlis, para encontrar com o Clube de Veículos Militares Antigos de Picardie, do nosso amigo Claude Bourcilier. Nesse momento, nossa equipe recebeu o jornalista Caco Barcelos, "apenas mais um dos muitos" jornalistas que foram cobrir o evento na Normandia. Ao chegarmos na cidade de La Croix Saint Ouen, fomos recepcionados pelo prefeito e autoridades locais, onde nos ofereceram um café da manhã e depois proferiram um discurso de boa viagem. O grupo era bem numeroso e todos estavam super bem caracterizados como soldados da Segunda Guerra. Formamos um comboio com cerca de oito veículos. Nessa ocasião, um jeep com brasileiros vindos de Lisboa, dirigido por Renato Salles, se juntou ao comboio. Mais brasileiros no Dia D!

A jornada foi longa, sendo que “Giselle” apresentou um pequeno problema. Depois de várias tentativas de identificar o que acontecia – o jeep perdia potência em alto giro – descobrimos que era apenas o filtro de gasolina que estava entupido. Resolvido o problema, “Giselle” se comportou maravilhosamente por toda a jornada. Um frio de inverno e uma fina garoa acomopanharam todo caminho. Como nessa época ainda é dia às oito da noite, chegamos no local do acampamento – a praia de Utah, em Saint Marrie Du Mont, quando ainda era claro.
Enquanto a turma do Claude montava acampamento, resolvemos alguns problemas para alojar nossa equipe e conseguir um local seguro para o equipamento de filmagem. Acabamos ficando alojados numa sala de imprensa do exército americano. Pudemos ainda rodar algumas cenas nas areias da praia Utah, onde desembarcaram as primeiras levas de soldados às 6:30 da manhã no Dia D.
3/6: Reconhecendo o local e Pegasus Bridge

Logo pela manhã, saímos para o pequeno centro de Saint Marrie Du Mont, uma agradável vila, com uma igreja medieval no centro da praça. Tivemos uma clara idéia do movimento de pessoas que já circulavam em grande fluxo pelos pontos de interesse. Muitos grupos estavam caracterizados em uniformes americanos e ingleses. Foi emocionante quando um músico começou a tocar temas tradicionais numa gaita de fole, chamando a atenção de todos.
Filmamos em vários pontos em Utah, onde pela primeira vez vimos vários bunkers alemães na beira da praia. Pointe Du Rock e Omaha Beach.

Fomos então na direção da praia Omaha, passando pelo conhecido Point Du Rock, local onde os americanos escalaram um penhasco de 30 metros para desalojar baterias de canhões alemães. O local possui um sem número de crateras dos bombardeios aéreos preliminares ao desembarque. Mais adiante, chegamos á praia de Omaha, na localidade de Verville, onde a maré baixa permitiu que andássemos de jeep por um longo trecho. Também subimos as encostas onde havia os bunkers alemães. Muitos monumentos fazem alusão aos eventos do Dia D e as divisões do exército das nacionalidades envolvidas.
4/6: Caen e Pegasus Bridge

Partimos cedo em direção a cidade de Caen, onde pegamos nossas credenciais de imprensa. Nas imediações da cidade está a ponte Pegasus, assim batizada depois que soldados da brigada aerotransportada inglesa conseguiram tomá-la intacta dos alemães, no primeiro tiro disparado no Dia D. Entrevistamos vários veteranos e conseguimos depoimentos emocionantes. Voltamos para nosso acantonamento (termo para local coberto para dormir no chão), passando pelas praias Sword – onde desembarcaram os canadenses, na localidade de Merville, seguindo para Oistreham, onde começava a praia Juno, local de desembarque das forças inglesas. Não conseguimos chegar em tempo de filmar com luz na praia Gold, em Arromaches, onde estão os restos do porto artificial Mulberry B, onde voltamos no dia 7/6.

5/6 Saint Mérre Eglise

Este tranqüilo lugarejo e conhecido ponto é o local onde os primeiros paraquedistas americanos foram lançados, no qual um episódio até hoje é lembrado: o paraquedista da 82ª Brigada, John Steele, ficou preso na torre da igreja, sendo depois capturado pelos alemães. Ele sempre voltava ao local em vida, por muitos anos depois da guerra, para relembrar os acontecimentos. Um clima de carnaval enxia as pequenas ruas da cidadezinha, totalmente congestionada. Uma cerimônia em praça pública estava sendo realizada para os veteranos que compareceram aos festejos. Um legítimo Douglas Dakota C-47 – avião usado na época para lançamento de paraquedistas - fez várias passagens sobre o local durante a cerimônia . Na volta para nosso acampamento, passamos por vários check points de segurança, pois nesta mesma noite já haveria vários eventos para comemorar a zero hora do dia 6/6…

6/6: Dia D!

Nessa manhã, dividimos a equipe em dois grupos: eu e o fotografo Jaques Cheuiche seguimos para Carentan, onde haveria uma parada de veículos militares antigos anunciada meses antes pela MVPA. Victor Lopes e nosso produtor, Antoinne Laguerre, seguiram para o local dos festejos oficiais, em Arromanches. Ao chegar em Carentin, documentamos uma coluna de tanques da Segunda Guerra entrando na cidade em grande estilo! Um sósia do general George Patton desfilava em carro aberto. Foi um verdadeiro deleite para os entusiastas em veículos militares antigos! Victor Lopes registrou instantâneos das cerimônias oficiais, onde se encontravam os mais importantes líderes mundiais, com muitas surpresas para quem assistir ao nosso documentário quando estiver finalizado…

7/6: Arromanches e Coleville.

Mesmo passado o Dia D, uma quantidade enorme de pessoas ainda circulava nos locais da Normandia. Seguimos para o conhecido cemitério de Coleville, de beleza sem igual. Finalmente, pudemos filmar os restos do porto Mulberry, em Arromanches, uma obra de engenharia de tamanho indescritível.

8/6: Volta a Paris! 9/6 Volta ao Brasil!
Madrugamos para seguir de volta a Paris, onde filmamos em alguns pontos conhecidos, como o Trocadero e a catedral de Notre Dame. O melhor foi poder nos recuperar nas dependências do suntuoso hotel George V, com banhos quentes e camas macias…
Passamos o dia na contagem regressiva de volta ao Brasil. “Giselle” foi despachada de volta, ainda com a poeira e as areias das praias da Normandia impressas em sua lataria. Este jeep corre o risco de nunca mais ser lavado!
Aguardem pela apresentação do documentário “Um Brasileiro no Dia D"!

Agradecemos a todos que nos apoiaram nesta jornada incrivel: VARIG e VARIGLOG, com o apoio nobilíssimo do Comandante Edson Chaves e da alta diretoria da empresa; AMIL e Mário Bronstein; FAB: Brigadeiro Telles e toda equipe do 1º Grupo de Caça e da comitiva dos veteranos do Senta a Púa! EMBRAER: levou a equipe até a cidade onde mora Piére Closterman; HOTEL GEORGE V, PARIS, na pessoa de Jayme Drummond, que nos ofereceu apoio em nossa curta estadia em Paris.

VISITA AO PARQUE DE MANUTENÇÃO DO COMANDO MILITAR SUL-SANTA MARIA, RS
O CVMARJ foi recebido pelo TenCel Sérgio, por ocasião da visita do seu presidente, João Barone a esta unidade do E.B.
Pudemos constatar um grande número de viaturas de valor histórico, como um Sherman M4A1, Um raro resgate Sherman, Stuart M3A1, trator M5A1, caminhões GMC de vários formatos, um M-8 bem descaracterizado e um raro seis rodas T-17, além de um reboque La France.
A nota feliz é de que estes veículos estão em condições de rodagem, necessitando de pouco trabalho de restauro e manutenção.
A nota triste é que estas viaturas estão sendo redirecionadas para servir de enfeite em jardins nos quartéis de outras unidades do E.B. na região, pois o Parque de Manutenção precisa de espaço para os blindados que estão sendo enviados do Rio para novos postos na região Sul.
O CVMARJ já entrou em contato com o departamento histórico do E.B, para tentar intervir no destino destas viaturas, inclusive retomando a idéia do museu vivo de veículos militares. Esperamos que aconteça algo no melhor sentido, para preservação destas viaturas históricas.
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